25/11/2009





Contando histórias, vamos seguindo... desta vez era LOLITA... uma minhoca que queria ser diferente...
Com ela lembramos como é bom sermos como somos e respeitar as diferenças...

E seguimos contando nossa história... o livro já está pronto, logo logo estará aqui!

23/11/2009

Inhá Bia... mestra da tradição!

       Maria Rita Flor, Dona Bia Flor ou Inhá Bia, nasceu no dia 31 de outubro de 1901, no pequeno vilarejo do atual município de Bombinhas. Filha de Rita Maria Flor e João Manoel Flor, casou-se aos 18 anos com João Laurentino Pinheiro, e tiveram seis filhos: Araci, Atanázio, Leonor, Abelardo, Dulce e Maria Conceição. Sua fé era manifestada através do trabalho na comunidade e como “capela” da antiga Capelinha da Imaculada Conceição. Muito sábia, rezava em latim e sanou aflições de muitos com seus benzimentos. Na Revolta de 30, saía de casa com os filhos, para se abrigar nas grutas dos morros, se protegendo dos ataques. Mulher forte, assistia a partida de seu esposo à Porto Belo para participar da guarda de praia e ajudar no combate na II Guerra Mundial. Seu João faleceu em 1969.
       Trabalhava duro na roça, a noite fiava o algodão para tecer as roupas da familia e participou de grandes “lanços” de tainha, sardinha e anchova, pegando os peixes de balaio, período de grande fartura. Superou a epidemia da febre espanhola, com seus “benzimentos” e chás caseiros, salvando muitas vidas neste período.
       Da sabedoria de Inhá Bia , herdaram suas netas, as filhas de Atanázio, que carregam na tradição a cantoria de Reis, tão apreciada por Dona Bia Flor, que na época do Natal preparava a casa, fazendo licor e consertada para receber o Terno-de-Reis, acompanhando-os nas visitas de outras moradas e atravessavam noites com a cantoria.
       Apreciadora da literatura; cantava, versava e contava histórias para quem estava a ouvir. Por este motivo, foi morar em um Engenho de farinha da família, e cedeu sua casa para funcionar uma escola..Dona Bia Flor, foi mãe de uma grande família bombinense: dos seus 6 filhos, vieram 48 netos, 105 bisnetos e 40 tataranetos, chegou a conhecer 47 netos, 94 bisnetos e 27 tataranetos.
       Uma fratura em uma das pernas, resultado de uma queda, lhe tirou os movimentos e impossibilitou Inhá Bia de caminhar por alguns anos. Faleceu no dia 27 de junho de 2002 perto de completar 101 anos de idade. Em (?) foi concedido seu nome para a Escola Estadual de Bombas em homenagem a Mestra da sabedoria popular passando a se chamar EEB Maria Rita Flor.

Fernanda Nadir da Silva ( Griô Aprendiz) filha de José Amândio da Silva Neto, bisneta de Bia Flor; Ana Caroline Souto Conceição (15 anos) aluna do Emiep- Projeto Ação Nacional Griô; Beatriz Pereira (15 anos) aluna do Emiep- Projeto Ação Nacional Griô; Proponente: Instituto Boimamão e EEBMaria Rita Flor/Bombinhas-SC

Seu Lauro... Capitão de Canto Grande!

Lauro José da Silva de 83 anos, nascido no dia 12 de abril de 1926 descendente de Português cujo pai se chamava Silvério Manoel da Silva Alcantara e sua mãe Ana Tomasia de Jesus, é casado a 63 anos com Odete Adelaide da Silva de 82 anos, nascida no dia 23 de setembro de 1927 e juntos tiveram 9 filhos.
Nascido e criado em Canto Grande, seu Lauro estudou somente o 1° e o 2° ano do primário e teve que sair da escola porque sua mãe ficou viúva , então ele teve que trabalhar para ajudar no sustento da casa.
Desde pequeno trabalhava como pescador, ia para a Ilha do Macuco pescar e lá mesmo escalava o peixe e deixava secar ao sol, após isso voltava a Canto Grande para vender o peixe e, assim colaborava com o sustento de sua mãe e irmãos: “...fui pescador desde Rio Grande em 1947, até Macaí no Cabo São Tomé. (...)naquele tempo não existia barco que nem os de hoje.”
Ele contou, que já naufragou próxima a Ilha do Arvoredo e ficou só com a roupa do corpo. Já teve em Canto Grande um Engenho de farinha de Mandioca, fazia tipiti e balaios de cipó ...
Seu Lauro recebeu o apelido de capitão de Canto Grande pelo fato que quando ele tinha 19 anos, por ordem do ministro da guerra, onde foi dada a ordem á todos os municípios onde não havia quartel, todo mundo tinha que servir na praia de porrete ou pedaço de madeira na mão e por ele ser o menor a fazer a ronda na praia foi lhe dado este apelido.
Ele nos contou também uma história muito engraçada: quando ele ia buscar remédios na “Botica” do Seu Gualberto ( a farmácia de antigamente em Porto Belo) ele tinha que ir a pé: ...pois cavalo e negro não se criava por aqui.(...)onde tinha uma embarcação com uma pessoa negra a tintureira( um peixe grande) tirava o homem negro pela sombra”.
Seguiu contando que, alguns anos atrás, uma parteira trouxe para Canto Grande um negrinho de Tijucas, e o negrinho era muito querido; seu nome era Celi, aí um belo dia quando tinha 12 anos foi a Blumenau e nunca mais voltou!
Assim, o Capitão de Canto Grande, apesar de ter pouco estudo, trabalhou desde cedo e possuiu grande sabedoria e anseio em aprender mais. Exemplo disso, é que quando pequeno ele pegava papéis velhos e rasgados do chão para poder ler; ele guarda uma bíblia e dois dicionários e fala com orgulho “...eu tenho até um dicionário daquele pequeno e antigo, mais tenho”!
 Agradecemos a esse mestre tão especial, que nos acolheu com muito carinho e compartilhou conosco a vossa sabedoria!


Entrevista realizada pelas alunas: Inaíta da Costa Vieira (15 anos), Juliana Maura de Melo (15 anos), Luana Goulart (15 anos) e Gabriela Almada Pereira (15) anos.
Emiep 01 - E.E..B Maria Rita Flor - Bombas - Bombinhas/SC



14/11/2009

Nossa caminhada ... nossa história sendo registrada!



E continuando nossa caminhada, com nosso livro quase pronto, precisávamos de uma capa.
Entre cirandas e brincadeiras, descobrimos a Xilogravura.

Mas o que é?
Etimologicamente, a palavra xilogravura é composta por xilon, do grego, e por grafó, também do grego. Xilon significa madeira e grafó é gravar ou escrever.

Assim, xilogravura é uma gravura feita com uma matriz de madeira. Simplificando, pode-se dizer que é um processo de impressão com o uso de um carimbo de madeira. É uma técnica simples de gravação utilizada no cordel* nordestino - folhetos com romances e fatos históricos que circulam pelas feiras no nordeste do país, cuja capa, geralmente é feita em xilogravura pelo próprio cordelista (escritor).
Se estamos escrevendo um livro e precisamos de uma capa... grande achado!
Precisávamos simplificar mais ainda e usamos uma bandeijinha de isopor... Fazer foi uma farra e não é que o resultado ficou muito bom!

Ainda não conseguimos postar a cópia aqui... problemas técnicos. Logo estará aqui!


13/11/2009


Desenho Patricia Pinheiro - 1º01 -Emiep
E.E.B Maria Rita Flor - Bombinhas, Bombas/SC


Desenho de Amanda - 1º01 - Emiep
E.E.B Maria Rita Flor - Bombinhas, Bombas/SC


Desenho Luiz Paulo - 1º01 - Emiep
E.E.B Maria Rita Flor - Bombinhas, Bombas/SC


Desenho de Lucas A. Martins - Emiep
E.E.B Maria Rita Flor - Bombinhas, Bombas/SC


Desenho Jean C.P - 1º01 - Emiep
E.E.B Maria Rita Flor - Bombinhas, Bombas/SC


Desenho Inaíta Vieira - 1º01 - Emiep
E.E.B Maria Rita Flor - Bombinhas, Bombas/SC


Desenho de Ana Caroline e Beatriz - 1º01 - Emiep
E.E.B Maria Rita Flor - Bombinhas, Bombas/SC


Desenho Eduardo Pitarello - 1º01 - Emiep
E.E.B Maria Rita Flor - Bombinhas, Bombas/SC

Desenho Amanda - 1º01 - Emiep
E.E.B Maria Rita Flor - Bombinhas, Bombas/SC


Desenho Amanda - 1º01 - Emiep
E.E.B Maria Rita Flor - Bombinhas/Bombas/SC


Desenho Evandro Elias da Silva
Aluno Emiep E.E.B Maria Rita Flor
Bombinhas, Bombas/SC


Desenho aluno Mateus Antonio do 1º01 - Emiep
E.E.B Maria Rita Flor - Bombinhas/Bombas/SC


Desenho Aluno Mateus - Emiep do E.E.B Maria Rita Flor
Bombinhas, Bombas/SC

Rima é Cultura

Uma linda Cidade
onde reina a simplicidade
Inspiração de muitos sonhos
Que traz muita saudade

Embaixo de um pé de arvore
Um pé de carambola
Ouço o canto dos pássaros
Tocando Minha viola

A padiola esta passando
Com a tristeza de muitos
Familiares chorando,
Felicidade? Talvez só dos defuntos

De longe escuto
O Cantar do carro-de-boi
Trazia felicidade e sustento
Alegria que já se foi

Com muita dedicação e gratidão
Que cultivo minha loucura
Ela é meu ganha pão
E nos sustenta com arroz e feijão

Uma cidade sem muita tecnologia
Com fé em Deus e na magia
Muita alegria e parteira trazia
Quando em seus braços, uma criança sorria

As benzedeiras abençoavam
Com suas rezas fervorosas
Protegiam e curavam
E milagres efetuavam

Cada grão de areia
Guarda uma historia
E as gotas do mar
Revivem a Memória!

Autora: Andressa da Silva
Aluna do E.E.B Maria Rita Flor - 1º02
Bombinhas, Bombas/SC

Sentimento Verdadeiro

Depois de carregar a padiola
Veio a tardezinha
Comecei a tocar viola
Para as pessoas vizinhas

Depois de uma boa cantoria
Já era tarde
Fui plantar alegria
E no final colhi amizade

Depois do benzimento
Encontrei o meu amor
O verdadeiro sentimento
Que curou minha dor.

Autor: Vitor Cândido
Aluno do E.E.B Maria Rita Flor - 1º02
Bombinhas, Bombas/SC

12/11/2009

Pequena Vida

De uma brincadeira de roda,
Tiravam alegria,
De uma brincadeira que era moda,
A gente se divertia.

Brincar de boi era,
Em todo dia,
Mas com tantas mudanças,
Chegou a tecnologia.

A gente enchia a barriga,
Era de alimentação,
Mas antes do almoço,
Fazíamos uma oração.

Trabalhamos com uma patrola
Esperando a hora de ir embora,
Para tocar uma viola.

Aqui tem luta sem medo,
Porque só tem guerreiro,
Pois o nosso maior erro,
È só pensar em dinheiro.

Autor: Felipe da Silveira e Jean Carlos Miguel
Alunos do E.E.B Maria Rita Flor - Emiep 1º02
Bombinhas, Bombas/SC

Na Terra

Na terra, na água e no ar.
O transporte facilita o nosso deslocar
Com canoas e lanchas à vela
Navegamos no outono até na primavera

O carro de boi vai cantando
Junto com ele os bois vão cansando
O Homem que coordena,
Espera pela sua recompensa.

Volta pra casa
Depois de sua jornada.
Colhe seus alimentos pra comer e beber
Pois é assim o seu viver.

Autor: Luiz Paulo
Aluno do E.E.B Maria Rita Flor - 1º01
Bombinhas, Bombas/SC

Memórias

Relembrando o passado
Vimos que as ruas eram de areia
Se comia peixe assado,
E no pé não se via meia.

Nas pequenas casas de madeira,
Encontravam-se as escolas,
No recreio era água de cachoeira,
E na aula se mexia com a caixola.

No Carnaval não se tinha de tudo,
Andavam em boas companhias,
Se brincava de entrudo,
Sempre em busca de uma alegria.

As vezes se acordavam na madrugada,
Era a turma do boi de mamão,
Chegando na batucada,
Com muita palma na mão.

Finalizando esta eterna memória,
Vamos falar de pesca,
Era um tempo de glória,
Onde se fazia muita festa!

Autora: Ana Carolina Souto Conceição
Aluna E.E.B Maria Rita Flor - Emiep
Bombinhas, Bombas/SC

11/11/2009

História que o Vento Levou...

Vamos falar de um tempo que já se foi
Era um tempo alegre e contente
Quando Bombinhas só tinha carro de boi
A cultura ainda tinha muito valor pra essa gente


Arroz, milho, feijão
Com muitas e gostosas receitas, como o amendoim
 Eram plantados e colhidos com muita dedicação
Ah, não posso me esquecer do Aipim


Outrora nas tardes felizes
As crianças tinham gosto de deixar a bola
Saiam correndo com um sorriso no rosto
Aprender na pequena escola


E os dias se passavam
Quando dispensavam a viola
Surpresas ficaram
Porque triste era o cortejo de uma Padiola


Quando Deus abençoava
Sempre começavam uma festança
Quando a parteira dava a noticia:
Nasceu uma criança!


Hospital, e posto não existiam não,
Com benzimentos, chás e simpatias
Porque médico só de vez em quando tinha
Eram curados pais, avos e tias


Do leste, do sul e do oeste vem o vento
Como na liberdade do barco a vela
Num constante e delicioso movimento
Deixo minhas lembranças navegando numa caravela


Autora: Luana Goulart
Aluna do E.E.B Maria Rita Flor
Bombinhas - Bombas / SC

Estamos Aqui Lembrando

Estamos aqui lembrando
Um tempo que já passou
As historias dos antigos
Que o tempo não apagou

A muito tempo atrás
Não existia muita opção
Meninas brincavam de boneca
E os meninos do peão

Meus pais que trabalhavam
Na roça iam plantar
O alimento de cada dia
Para nossa família sustentar

Pessoas iam andando
Pela trilha caminhar
Iam colher mandioca
Para farinha forniar

Hoje temos de tudo
Antes não tinha não
Mal tinham um chinelo
Andavam de pé no chão

Não existia discoteca
Só boi de mamão
Pessoas saiam a noite
Pra mostrar a tradição

Hoje aprendi muita coisa
Que não poderia imaginar
A cultura permanece
Ainda nesse lugar

Essa vai por derradeira
Por derradeira vai
Minha mãe ficou sem dente
De tanto morder meu pai.

Autora: Rafaela Lazzarin
Aluna do E.E.B Maria Rita Flor - 1º02
Bombinhas - Bombas/SC

A medicina em Bombinhas

A medicina da cidade
Eram baseadas nas parteiras
Que traziam novas vidas
E também nas benzedeiras

Com grande sabedoria
De fazer chá de todo gosto
Curando com ungüento
Pessoas que pediam
“De dor não mais agüento!”

Este tempo já passou
Pena que não possa voltar
Mas nunca esquecerei
Da medicina deste lugar

Autora: Francielle Costa
Aluna do E.E.B Maria Rita Flor - 1º01
Bombinhas - Bombas/SC

Antes em Bombinhas

Antigamente em Bombinhas
Havia padiola e carro de boi
 Eram os transportes da época,
Mas este tempo se foi.

Há muito tempo
Não vejo uma plantação
Seja de milho, melância ou cana de açúcar
Pra alimentar a população.

Tempos que não vejo parteiras
Fazendo as crianças nascerem
Vindo com elas nos braços
E depois vê- las crescerem.

E as benzedeiras
Com seus chás abençoados
Curas milagrosas
Para curar até os maus olhados.

Autora: Franciele Costa
Aluna do E.E.B Maria Rita Flor - 1º01
Bombinhas, Bombas/SC

09/11/2009

Tradição Oral.... Dona Araci e seu Guega!


Dona Araci Maria Vieira de 83 anos ,uma senhora muito simpática que ainda preserva as tradições e habilidades herdadas por suas três irmãs: Maria Amâncio Vieira, Tomásia Amâncio Vieira e Olinda Amâncio Vieira; que a criaram como filha desde muito pequena.


Dona Araci nasceu na metade da praia de Bombinhas na casa de sua avó,onde hoje existem apenas parte da cabana...já seu Guéga nasceu na Curva do Piolho.

Com elas aprendeu muitas coisas, como a arte de costurar; profissão que segue até hoje. Conta Dona Araci que costura desde mocinha as roupas das senhorinhas do Engenho ( Belica e Zinoca) e as de seu marido...Seu Guéga de 81 anos .Além disso...aprendeu também a fazer sabão de nozes:

“O nozes nasce de uma árvore bem alta chamada Nogueira; essa arvore da uma flor ; quando cai a flor e vem a baguinha pequena que tem duas cascas e depois vem dentro do miolo a nozes..., que é socada em um pilão, depois peneirado, ficando assim uma massa fina. Daí.... é posto em uma gamela de madeira com soda caustica, duas canecas de água ,e misturado ate ficar em ponto de pão...” assim narrou com muita sabedoria a arte do sabão!

Quando criança, a menina Araci e sua amiga Urda faziam batizados de bonecas, brincavam com as bonecas de pano que suas tias faziam. Faziam casinhas no “sovelão” (espécie de árvore) e comidinhas com a “Lapa”,uma espécie de molusco que é encontrado nas pedras. Amarravam as bonecas em cipós para que ficassem em pé.

E, no seu tempo de juventude, ia para os “bailes” de domingos a tarde em Zimbros e Canto Grande e cantava muito Terno de Reis nas casas. Termina esta animada e sábia conversa ao lado do Seu Guéga na sua cozinha colorida ao lado do fogão de lenha com muita saudades “dequele” tempo ainda vivo na memória!

Conversa registrada pelas alunas do Emiep Luana Goulart (15 anos), Leila Sena (15 anos), Gabriela Almada (15 anos) e Bianca de Moura (15 anos)

Coordenação: Rosane Luchtenberg ( Griô da Tradição)
 Mediadora: Salete Pinheiro ( Griô Mestra da Tradição Oral)
Projeto: Ação Nacional Griô/Oficina do Retrato ao Relato
EEB Maria Rita Flor/Instituto Boimamão





06/11/2009

REMEXENDO O BAÚ DA MEMÓRIA

A simplicidade da Sabedoria Popular, ainda encontrada nesta pequena península, apesar do presente progresso, guarda ricos tesouros da memória Viva, mesmo com o desenvolvimento e a transição de Vila de Pescadores até o novo município. Passando pelas transformações que esse processo acarreta, para sorte das futuras gerações, ela não sucumbiu e manteve suas origens latentes no coração, traduzidos em poesia.

Essa beleza e criatividade da Literatura Popular do descendente de açoriano, transmitida através de versos como forma de expressar sentimentos, contar algum causo ou falar da Saudade é ainda, felizmente, encontrada em nosso cotidiano.

Uma colcha de retalhos seguiu seus alinhavos com estudantes do EMIEP I e II da EEB Maria Rita Flor. A oficina do “Retrato ao Relato”- registro das historias de Vida da comunidade - coordenada pela Griô Aprendiz Fernanda Nadir da Silva, dentro da disciplina de História. Assim, os fragmentos dessa Memória Viva e Ativa, estão agora publicados neste blog e reservados para a publicação do jornal impresso até final de 2009. Trabalho feito pelos próprios jovens comunicadores com a licença dos Mestres Vivos da comunidade.

Coordenação da Pesquisa: Rosane Luchtenberg – Griô da Tradição
Mediadora: Salete Pinheiro – Mestra da Tradição Oral
Alunos: Pedro Henrique Regis da Silva (15 anos) Jonatan Veríssimo (15) Luiz Felipe Miguel(15) Emiep 02. Inaita da Costa Vieira (15) Juliana Maria de Melo(15) Luana Goulart (15) Gabriela Almada Pereira (15) Leila Sena( 15) Bianca de Moura (15)Emiep 01
Casas Visitadas: Dona Araci e Seu Guega do bairro Zé Amândio – Dona Mariquinha e Seu Tiéli do Sertãozinho das Bombas e Seu Lauro e Dona Odete do Bairro Canto Grande.

Projeto: Relato, Sabores e Retratos....
Ação Nacional Griô/Instituto Boimamão
Escola parceira: EEB Maria Rita Flor/ Bombas


05/11/2009

Relato Dona Cininha





Entrevita com Dona Cininha( Gracelides da Silva Pereira) registrada pela neta Beatriz Pereira (15 anos) aluna do EMIEP II
E.E.B. Maria Rita Flor - Bombas - Bombinhas/SC
Projeto : Ação Nacional Griô

Dona Mariquinha do Seu Tiéli


Maria Francisca Pereira Simão “Dona Mariquinha” 78 anos, nascida na comunidade de Camboriu, tem dois filhos e casada com seu esposo Emanoel Teotonho Simão “ Seu Tiéli” nascido em Santa Luzia, tem 81 anos.

Desde sua infância já trabalhava cuidando de seus irmãos e não conhecia brinquedos pois não havia tempo para brincar.Seu dia-dia era lavar roupa na cachoeira .

Seu Tieli, apelido carinhoso que recebeu de seus amigos, trabalhava na roça e vendia seus produtos em um pequeno comercio para a sobrevivência de sua família.

Seu Tieli retrata que: em um belo dia...estava roçando perto de sua casa e “de repente” quando ele cortou uma moita, pulou um tatu de sua toca e, ele se assustou achando que era uma cobra. Assim continua contando suas historias!

Outro causo, foi quando ele estava no Araçá conta ele " estava em uma pedra pescando, quando foi derrubado por uma grande onda” fiquei um tempo debaixo da água trancado em uma pedra; mas consegui voltar para superfície. Estava muito cansado, mas a maré ajudou ele a voltar para pedra aonde estava pescando. Fiquei inchado como um sapo, disse.... terminou a conversa dizendo que nunca quis trabalhar embarcado, pois perdeu dois irmãos no mar!


Entrevistados: Dona Mariquinha e Seu Tiéli (Dona Maria Francisca e Emanoel Teotonho Simão)
Entrevista realizada pelos alunos: Pedro Henrique R. da Silva (15 anos), Jonatan Veríssimo (15 anos), Luiz Felipe Miguel (15 anos).
EMIEP 1º 02 - E.E.B. Maria Rita Flor - Bombas, Bombinhas/SC

Memórias de Minha Geração


       Antônio Joaquim da Silva, mais conhecido como Seu Antônio ou para os mais íntimos simplesmente Tonho, tem 80 anos,nasceu no dia 12 de junho de 1929, filho de Joaquim Manoel da Silva e Maria Biartina da Silva. Tem 6 filhos, 8 irmãos, no qual 2 já faleceram, porém faz parte da família Silva aqui de Bombinhas, umas das maiores e mais conhecidas.
       Recordando seu passado, dizia Antônio que as escolas onde estudavam eram em pequenas casas de madeira, onde por sinal tinha bastante alunos, sua professora era de Porto Belo, Odete Prado.
       Naquela época tinha bastante engenhos, quem faziam as comidas , a rosca, o biju, eram as donas de casa, eu, meus irmãos e meu pai pescávamos e íamos pra roça atrás de nossos alimentos.
       Existiam somente caminhos, trilhas, tudo de areia e nada de estradas, era uma vida simples, rural, porém muito divertida.
       A água era de cachoeira, o fogão à lenha, a luz era improvisada, de lampião ou até mesmo em pequenas canecas com querosene onde clareavam as nossas casas.
       A festa típica da nossa cidade, onde reunia o povo da região era o Terno de Reis e o boi-de-mamão, perto do Natal e no inicio do ano, onde a folia rolava solta.
       Caminhávamos sempre. Visitávamos as outras praias, entre amigos, sempre em busca de uma novidade, onde todo mundo conhecia todos e não se via brigas nem violência.
       Na roça se colhia pro gasto, a banana, mandioca, aipim, batata, feijão e arroz era o nosso alimento, nossa mãe que cozinhava isso na parte da lavoura.
       Enquanto na pesca, existia bastante peixe, a ponto de vender a vontade e ainda sobrava pra comer. “Hoje se passa mês e a gente não se vê um lance”, diz ele.
       Aqui em bombas naquela época, na casa dos moradores, não se via casa sem o pomar de laranja, onde “chupavamos” à vontade e não pagávamos um centavo.
      Na infância éramos nós que criávamos as brincadeiras, fazíamos pião, brincava de boi de campo, galinha de madeira. Na noite, às vezes nós andávamos pelas trilhas no escuro, pois não se tinha luz somente dentro de algumas casas e era difícil de se ver.
       No carnaval, não se tinha fantasias e nem blocos na rua. Por aqui no Carnaval, a gente fazia a brincadeira do ‘entrudo’, onde se jogava água um no outro, os homens nas mulheres elas neles. Era um grande divertimento, onde reunia todo mundo.
       Quando nascia uma criança por essa região, não se via Hospital, somente parteiras, minha avó era umas das mais conhecidas.
       Diz Seu Antônio: “Sinto bastante saudade daquela época, mas hoje ta bom, só o que me falta é ter meus 30 anos!”


Entrevista: Seu Tonho (Antônio Joaquim da Silva)
Entrevistado pela neta Ana Carolina Souto Conceição- 15 anos
Emiep II - 1º 02 - E.E.B Maria Rita Flor - Bombinhas/SC